"Da natureza, nada se tira a não ser Fotografias, nada se deixa além de pegadas, nada se Mata a não ser o tempo, nada se leva além de lembrenças e nada se trasforma a não ser a alma."

Dicas na Trilha

 Minimo Impacto

A regra de ouro do excursionismo está mais atual do que nunca: “Não tire nada a não ser fotografias, não deixe nada a não ser pegadas”… Para isso, compilamos aqui os 8 princípios para convivência em ambientes naturais, que estão sendo adotados por pessoas do mundo inteiro. São práticas de mínimo impacto, regras simples e fáceis de praticar, mas que fazem uma imensa diferença.
1. Planejamento é fundamental
- Conheça os regulamentos e precauções especiais da área que irá visitar. Obtenha informações completas sobre a região.
- Prepare-se para condições meteorológicas extremas, acidentes e emergências.
- Programe sua viagem de forma a evitar altas temporadas e feriados.
- Empacote novamente e reutilize sobras de alimentos para minimizar desperdício.
- Utilize mapa e bússola para eliminar a necessidade de totens de pedra, fitas e qualquer tipo de marcação.
- Escolha as atividades que você vai realizar conforme o seu condicionamento físico e seu nível de experiência.
- Calcule o tempo total que passará viajando e deixe um roteiro da viagem com alguém de confiança, com instruções para acionar o resgate, caso necessário.
- Avise a administração da área que você está visitando sobre sua experiência, o tamanho do grupo, o equipamento que está sendo levado, o roteiro e a data esperada de retorno.
- Tenha certeza de que você dispõe do equipamento apropriado para cada situação. Acidentes e agressões à natureza em grande parte são causados por improvisações e uso inadequado de equipamentos.
- Aprenda como prestar os primeiros socorros e tenha sempre consigo um estojo com os medicamentos necessários.
- Em áreas de montanha, use o mínimo necessário de transporte motorizado e estacione fora do caminho.
- Faça uso de transporte coletivo sempre que possível.
- Prepare o cardápio com atenção, sabendo o número de pessoas e de refeições, clima da região e preferências pessoais. Leve sempre uma ou duas refeições a mais, – para qualquer imprevisto.
- O sucesso de uma excursão e a segurança dos participantes depende de um planejamento adequado.

2. Realize práticas de mínimo impacto, cuidando dos locais por onde passará

- Saia em grupos pequenos. Grupos grandes geram maior impacto que vários pequenos separados entre si.
- Evite caminhar sobre solo molhado. O solo carregado de água é mais suscetível à deterioração.
- Não caminhe com animais de estimação, como cães ou gatos. Estes podem alterar a fauna local.
- Mantenha baixo o nível de ruído. Os ruídos estranhos alteram o comportamento da fauna e atrapalham pedidos de socorro. Melhore a qualidade da sua experiência na natureza.
- Não caminhe ouvindo som. Isto também atrapalha pedidos de socorro e podem tirar a atenção.
- Faça os descansos fora da trilha e em lugares com pouca vegetação. Fazer os descansos sobre a trilha obriga outros caminhantes a sair da mesma para passar pelo lugar.
- Mantenha-se nas trilhas pré determinadas. Os atalhos favorecem a erosão e a destruição das raízes e plantas inteiras. Em hipótese alguma abra novos caminhos, dê o direito ao próximo de estar em um local sem interferência.
- Não corte a vegetação.
- Evite lugares onde os impactos apenas começaram.
- Em zonas onde não existem trilhas, disperse as atividades e não caminhe em fila. Caminhar em fila onde não existe trilha deteriora o solo.
Zonas de acampamento
- Acampe em lugares permitidos e em zonas livres muito freqüentadas, em lugares bem compactados. Evite áreas frágeis que levarão um longo tempo para se recuperar após o impacto.
- Não cave valetas ao redor das barracas, escolha o melhor lugar e use um plástico sob a barraca.
- Bons locais de acampamento são encontrados, não construídos. Não corte nem arranque a vegetação, nem remova pedras ao acampar.
- Sempre que possível faça bivaque (acampamento sem barraca, ao relento).
- Em zonas de acampamento, procure utilizar calçados de sola macias como sapatilhas ou alpargatas.
- Evite o pisoteio da vegetação.
- Use banheiros, se existirem. Na falta, vá ao banheiro a mais de 50 metros dos cursos de água e enterre os dejetos a pelo menos um palmo de profundidade (15 a 20 cm). E traga o papel higiênico usado de volta!
- Conserve as áreas de acampamento o menor possível. Focalize as atividades em áreas naturalmente desprovidas de vegetação.
- Monte seu acampamento a, no mínimo, 20 metros dos cursos d’água para evitar poluí-los e também para ter mais conforto e segurança em caso de enchente repentina.
- Evite aglomeração de barracas.
- Quando acampado, procure não molestar os outros excursionistas.
- Não leve rádios, toca-fitas ou similares; os outros não são obrigados a compartilhar seus gostos musicais.
- Para lavar pratos e panelas, use areia de fundo de rio – é eficiente e não polui. Se quiser usar um sabão branco, o faça longe dos córregos de água, utilizando um recipiente e jogando a água suja no solo e não no curso de água.
- Todo o lixo ou resíduos deve ficar a no mínimo 30 metros da fonte de água potável.
- A água de beber deve ser colhida sempre rio acima do local usado para lavar a louça.
- Não jogue restos de alimentos na água; limpe a louça antes de lavá-la.
- Quando em dúvida sobre a procedência da água, use cloro ou outro purificador.
- Cores fortes causam um grande impacto visual, afugentam os animais e outros excursionistas; dê preferência para as cores neutras ou suaves. Não há necessidade de usar roupas e equipamentos camuflados.
- As barracas também dever ser preferencialmente de cores neutras; as cores como vermelho e laranja são ideais para montanhas nevadas. Mas tenha uma peça de roupa ou plástico de chão de cor brilhante, em caso de necessitar algum tipo de sinalização.
3. Traga seu lixo de volta
- Se você pode levar uma embalagem cheia para um ambiente natural, pode trazê-la vazia na volta. Mesmo papéis de balas e bombons devem ser guardados.
- Lixo é lixo, independe o tamanho dele.
- Ao percorrer uma trilha, ou sair de uma área de acampamento, certifique-se de que elas permaneçam como se ninguém houvesse passado por ali. Remova todas as evidências de sua passagem. Não deixe rastros.
- Não queime nem enterre o lixo. As embalagens podem não queimar completamente e animais podem cavar até o lixo e espalhá-lo. Traga todo seu lixo de volta com você.
- Não jogue garrafas ou latas nos rios, lagos ou mar. Além de estar poluindo, você estará pondo em risco a saúde das pessoas que nadam nesses locais.
- Por mais biodegradável que seja, o papel higiênico usado não deve ser deixado para trás. Traga-o de volta. Além da poluição visual, ele demora algumas chuvas até desaparecer completamente. E, quanto mais pessoas freqüentam aquele local, mais difícil será seu desaparecimento.
4. Deixe tudo como encontrou
- Não construa qualquer tipo de estrutura, como bancos, mesas, pontes etc. Não quebre ou corte galhos de árvores, mesmo que estejam mortas ou tombadas, pois podem estar servindo de abrigo para aves ou outros animais.
- Resista a tentação de levar “lembranças” para casa. Deixe pedras, artefatos, flores, conchas etc onde você encontrou, para que outros também possam apreciá-los.
- Não introduza ou transporte espécies não nativas.
- Preserve o passado: examine mas não toque estruturas e artefatos históricos ou de interesse cultural.
- Não perturbe a ordem das coisas. Sempre feche uma porteira que encontrou fechada, depois de passar por ela.
- Nas cavernas, não retire absolutamente nada, nem mesmo as pedras soltas, e não toque nos espeleotemas – estalactites, estalagmites etc. – para não alterar sua formação e não sujá-los. Lembre-se que eles estão ali há milhares de anos, levaram outros milhares para serem formados e são extremamente frágeis. Quebrá-lo é fácil. Reconstrui-lo? Impossível…
- Não escreva nas rochas e nas árvores. Por mais tentação que tenha de deixar seu nome gravado ‘para a posteridade’, não o faça. Em hipótese alguma.
5. Não faça fogueiras
- Fogueiras matam o solo, enfeiam os locais de acampamento e representam uma grande causa de incêndios florestais. Além disso, elas afugentam os animais.
- Para cozinhar, utilize um fogareiro próprio para acampamento. Eles são mais limpos, eficientes e cômodos que qualquer fogueira.
- Para iluminar o acampamento, utilize um lampião ou uma lanterna em vez de uma fogueira.
- Se você realmente precisa acender uma fogueira, utilize locais previamente estabelecidos e somente se as normas da área permitirem. Se já houver marcas de fogueira no local, faça a sua no mesmo lugar, evitando novas cicatrizes no terreno. Mas não o faça apenas pelo prazer.
- Mantenha o fogo pequeno, utilizando apenas madeira morta e seca encontrada no chão.
- Tenha absoluta certeza de que sua fogueira está completamente apagada antes de abandonar a área ou for dormir. Utilize água para evitar incêndios, inclusive apagando as brasas e, se possível, enterrando as cinzas. Lembre-se, sempre, que grandes incêndios já começaram de fogueiras mal apagadas.
- E, mais importante que tudo: não faça fogueiras!
6. Proteja e respeite a flora e a fauna
- Proteja de maneira efetiva o ambiente de montanha, sua flora, sua fauna e seus recursos naturais.
- Não perturbe aves ou qualquer outra vida selvagem. Proteja as flores e respeite os locais de interesse científico de qualquer natureza.
- Não corte madeira verde, portanto viva, para fogueiras; não retire plantas pensando como ficariam bem em sua sala – elas ficam melhor na mata onde estão.
- Não marque as trilhas cortando as cascas das árvores; apenas amarre fitas coloridas nos galhos – caso realmente precise fazê-lo.
- Observe à distância. Não siga ou se aproxime dos animais. Não persiga e não pegue filhotes, de qualquer espécie, pois além de correr o risco de um ataque da mãe, o filhote pode ser rejeitado por estar com o seu cheiro.
- Nunca alimente os animais. Alimentá-los danifica sua saúde, altera seu comportamento natural e os expõe a predadores e outros perigos.
- Evite qualquer contato com a vida selvagem durante épocas sensíveis: no acasalamento, durante a construção de ninhos, durante a fase de aprendizagem dos filhotes ou no inverno.
- Não cace – nunca! Só pesque o necessário para comer e apenas em áreas permitidas.
- Mesmo cobras e aranhas têm seu papel na natureza; mantenha-se afastado e não as mate.
- Ao contrário da crença geral, os animais só atacam quando são ameaçados ou quando estão com fome. Todos os animais têm por hábito evitar os seres humanos.
7. Tenha atitudes positivas e seja cortês com outros visitantes e com a população local
- Tenha uma boa atitude em relação a montanha e à pratica dos esportes que nela se desenvolvem.
População local:
- Respeite as origens culturais e dignidade da população local. Os vilarejos que geralmente cercam as montanhas são calmos e pacatos, não faça nada para interferir negativamente na vida local.
- Ao encontrar gado ou animais de carga na trilha, mantenha-se do lado mais baixo da encosta.
- Todo montanhista deve utilizar sua liberdade, usufruindo seu espaço e sempre RESPEITANDO o próximo.
- Obtenha permissão para passar por sítios e fazendas.
- Conheça a legislação para os Parques Nacionais e Estaduais e outras áreas protegidas pelo Estado.
- Caso perceba irregularidades – como desmatamento, mineração etc. – em áreas protegidas, comunique aos órgãos ambientais responsáveis. Não surtindo efeito, recorra à imprensa e entidades ecológicas.
- Sempre que puder, oriente outras pessoas sobre preservação e conservação, mas não seja inconveniente.

Outros visitantes:

- Ande e acampe em silêncio, preservando a tranqüilidade e a sensação de harmonia que a natureza favorece. Deixe rádios e instrumentos sonoros em casa.
- Respeite os demais visitantes e proteja a qualidade da experiência deles.
- Seja cortês. Dê passagem a outros usuários na trilha.

8. Lembre-se que você é responsável por sua segurança!

- Não realize atividades complexas e perigosas com pessoas inexperientes e sem condições físicas adequadas.
- Conheça os problemas de saúde de cada membro do grupo. Certifique-se de que estão levando os medicamentos específicos e que sabe administrá-los.
- Sempre que se encontrar em uma situação inesperada é melhor parar, refletir e encontrar as melhores alternativas para resolver o problema. Não se descontrole e acalme seus companheiros. Muitas vezes as situações de perigo são contornáveis com soluções simples.
Bibliografia:
Roney Perez dos Santos – Geógrafo / Centro Excursionista Universitário
FEMESP (Federação de Montanhismo do Estado de São Paulo) – Código de Ética
Adaptação: Helena Artmann

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